“Versos não se escrevem para leitura de olhos mudos” [Mario Quintana]

sexta-feira, 30 de julho de 2010

POETAS DE VIDRO
 


Deverão ser poetas
esses que vivem nas frestas
rimadas dos versos
e companheiros certos.
Deverão ser poetas
esses que nomeiam as pedras
outras musas desprezam
fabulam que são da Terra
seguro não serão desta.
Deverão ser poetas
de rimas abertas
esses a quem dedico estes versos
e deverão ser de vidro mestre
mas que se quebrem os meus poetas.
 Ricardo Albuquerque
[O poeta Ricardo Abuquerque é autor do livro Versos ilegais (Águas Brasileiras, 2001). Nasceu em São Paulo. É um militante da comunicação, das letras e da política.]
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Latência
 
 Os meus poemas estão Perfilados
Amotinados e confinados
Dentro de minhas certezas
Forçam a explosão
Clarão de luzes inquietas
Uns saem imaturos
Outros chorosos
Alguns indicam mutações acentuadas
Mas como uma noturna doutrina
Visto-os em seu delírio de penumbra
Humildemente entendo-os
Alimento-os das melhores sínteses
Que possam existir
A satisfação do verso compreendido
Leva-me ao auto-exílio das sensações amenas
Palavras palavras palavras
Às vezes onde se escondem?
Às vezes tento colhê-las
O que encontro?
Larvas larvas larvas
E minhas inquietações pervagam
Em busca de novas velhas brigas
Pelo relâmpago da criação
Edner Morelli
[ O poeta Edner Morelli é autor do livro Latência (Editora Atemporal, 2002). Nasceu em São Paulo. Formou-se em Letras. É mestre em Literatura e Crítica Literária (PUC-SP). Compõe para a banda Antítese.]

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Poema

Tenho livros que jamais lerei
não raro perco a fé nos estudos
depois volto a eles como se fossem a única saída
vozes cruzam minha cabeça sem que as distingua
sem que as ouça de fato
são ônibus e motos de escapementos abertos
transitando entre os espaços que separam meus neurônios
mesmo no estado de sono não me recomponho
eu sou caos ao acordar
sou dor
desespero
um rascunho
versos soltos num guardanapo amaçado
poema incompleto que anda

 Norival Leme Júnior
[Os poemas de Norival Leme Júnior foram publicados no site Quiriri]
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Apresentação

Eu nasci no mato, Joana.
Sou filho do garimpeiro,
seringueiro,
pescador:
Fulano da Silva.
Joana, eu nasci no mato.
Sou filho da lavadeira,
dona de casa,
devota de Nossa Senhora:
Beltrana dos Santos.
Joana, eu nasci no mato, Joana.
Sou caboclo poeta,
poeta caboclo:
Sicrano da Silva Santos.
O verso é meu ofício.

Rudinei Borges

[O escritor Rudinei Borges é autor do livro Chão de terra batida (AllPrint 2009). Nasceu em Itaituba, Pará. Atualmente mora em São Paulo. Formou-se em Filosofia. É mestrando em Educação na USP.]

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 As Vozes Líquidas dos Poemas Convidam
 O olhar doutrinário insípido divaga
Obra desnuda poemas bêbedos de saliva
Um inquietante DÉJÀ VU
Inferno purgatório paraíso
Alguém aí se importa com a POESIA?
Ou sadismo da ultraexposição
Reinvento um clássico dos amores do mal
As vozes líquidas dos poemas convidam
A delicada arte de ser/estar
Alegorias medievais da arte pós-contemporânea
Expressionismo literatura marginal duplo efeito
Legítima defesa
Apresentação dialética dos Homeros Pessoas
Machados Andrades ideais filósofos
Eterno sonho do passado imagético
Literatura presença quotidiana algoz deleite
A cabeça semi-favela sonha e delira
E outra realidade menos morta é-nos vedada
Welton de Sousa

[O poeta Welton de Sousa é autor do livro Necrose da Palavra (AllPrint 2009). Nasceu em Poções, Bahia. Mudou-se para São Paulo ainda jovem. Formou-se em Letras e História. Participou de diversas antologias poéticas. É organizador de concursos literários e saraus.]

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