“Versos não se escrevem para leitura de olhos mudos” [Mario Quintana]

quinta-feira, 10 de março de 2011

A Poesia que vem de Angola


DEBITAS-ME SILÊNCIOS…


Debitas-me silêncios
E reticências…
Quando na dureza da voz macia
Dos teus lábios
Ornamentas flores e lavras
No silêncio das tuas palavras!

Debitas renúncias
E crucificas-me as mazelas:
Teu olhar fala-me paisagens
Rosas e margens
A brincarem às estrelas
Quando finges silêncios e reticências…

E na dureza da ausência
Um sopro distante
Angustiante
Um silêncio de melancolia
Na voz da noite do luar
Uma eternidade nos dias a folhear!

Debitas-me silêncios
E açoites de negativas
Em palavras altivas
À noite murmuras balbucios
Ao frio d’almofada
E lamurias nossa paixão crucificada!

Asseveras-me a justiça
A transbordar motivos mil
Flechas e açoites
No mistério do frio das noites;
Uma taça
E champanhe: a noite convida-nos dócil!


Décio Bettencourt Mateus

in "Xé Candongueiro".


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DECIO BETTENCOURT MATEUS
Naturalizado e residente em Luanda, nasci em Menongue provincia do Kuando-Kubango, sul de Angola. Desde muito cedo me habituei a ouvir vozes silenciosas no meu interior. Desde muito cedo compreendi que tinha de colocar estas vozes no papel! Sou membro da União dos Escritores Angolanos. Sou sócio correspondente n.1150 da Academia Brasileira de Poesia - Casa de Raul de Leoni.


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