“Versos não se escrevem para leitura de olhos mudos” [Mario Quintana]

quinta-feira, 24 de junho de 2010


 Preta, a coisa tá preta, se tá preta tá bom (!?) 
(por Luan Luando*)

 [**Januário Alves Santana]


Preta, a coisa tá preta, se tá preta tá bom (!?)
Preta, a coisa tá preta, se tá preta tá bom (!?)

A coisa tá preta e sempre foi preta graça a Deus
Vamos lutar pelos meus pelos seus
Mulher negra de alma negra poesia de Maurício Marques
Não levanta do banco Rosa Parks

O céu preto com estrelas brancas
A terra branca com estrelas pretas
O final da estrada mau fiasco
O fato  aconteceu no Carrefour de Osasco

Suspeito um negro em um Ford Export
Segurança policia violência é seu porte
Somos alvos do mundo branco bizarro
Um negro acusado de roubar o próprio carro

Hipermercado azul pra sangue azul
Eles têm maquinários humanos utilitário
Cadáver mental robozinho de aparelho
Meu coração minha pele preta de sangue vermelho

Como Huey Newton contra fardada América branca
Nóis temos que se proteger na maior banca
Numa grande tribo feito esferas
Na selva em um cambaio de panteras

Contra as hienas de azul e colete a prova de bala
Desgraçados que exala senzala as vezes mora na vala
De cabresto não sabe o que faz o que fala
Mas na favela se faz mau leva bala

Respeita a natureza por favor, sabedoria griô
Pelas as raízes o negro acha seu valor
Eles querem guerra armas e tanques
Amor de preto, prefiro um bom fank

Seu  quero resistir penso em Malcolm
Olodum nós palco
Olha o zelo no belo moleque
Chico rei escondia ouro no black

De  preto pra preto ecoa som na viola de bantu
Sagrado esse canto peço a bença pro santo
Quando  nóis canta, dança e trança
É quando o negro avança

Cuti consciência negra meu forro
Mas favela é favela dinastia do morro
Rima sônica já rompeu placas tectônicas
Firme e forte numa só colméia numa cultural pangeia.

Preta, a coisa tá preta, se tá preta tá bom (!?)
Preta, a coisa tá preta, se tá preta tá bom (!?)

[Luan de Jesus *conhecido com Luan Luando nasceu 13 maio de 1988, no município de Osasco,  morador de Taboão da Serra São Paulo. No ano 2000 teve contato com o teatro e sucessivamente  ambientes de práticas poéticas da periferia (Saraus)a partir daí vem produzindo literatura nas periferias.]



[**SÃO PAULO – Um homem negro foi espancado por seguranças de uma loja do Carrefour, em Osasco, na Grande São Paulo. Ele foi confundido com um bandido enquanto esperava no estacionamento a família, que fazia compras.
Januário Alves Santana estava ao lado do carro, um EcoSport, cuidando da filha, de 2 anos, que dormia no banco de trás. Segundo ele, um homem armado e sem uniforme se aproximou para tentar prendê-lo. Os dois lutaram até que outros seguranças apareceram. Santana tentou desfazer o mal entendido, mas disse que foi levado para um sala e espancado. Ele levou socos na boca e teve o maxilar afetado.]

Retornar...

Nenhum comentário:

Postar um comentário