“Versos não se escrevem para leitura de olhos mudos” [Mario Quintana]

terça-feira, 22 de junho de 2010


Campo Limpo – Taboão  

(Binho)
Quando nasci, tinha seis anos.
No lugar em que nasci,
Sonhava que tudo era nosso.
Tinha os campinhos e os terrenos baldios.
Era meu território.
Já foi interior,
Hoje periferia com as casas cruas.
As vacas com tetas gruas
Não existem mais.
A cerca virou muro. Óbvio.
A cidade cresce,
O muro cresce.
Vieram os prédios, as delegacias, os puteiros
e as Casas Bahia.
Também cresci
Fiquei grande.
Já não caibo dentro de mim
E de tão solitário
Sou meu próprio vizinho.
E de tão solitário
Sou meu próprio vizinho.



[Binho *é Robinson Padial, poeta paulistano do bairro do Campo Limpo, criador do Sarau do Binho, idealizador da Expedición Donde Miras, Bicicloteca, Postesia – Poesia nos Postes - Brechoteca e autor dos livros "Postesia” e “Donde Miras - Dois Poetas e Um Caminho”.]

 




[Sarau do Binho -  O ponto de leitura Bar do Binho existe desde 1997 promovendo encontros eventuais ligados à literatura que tem como objetivo a inclusão de crianças, jovens e adultos a iniciação e a prática ao ato da leitura e da composição de textos. Em março de 1999, Robison Padial lança o seu primeiro livro “Postesia” e passa a reunir poetas e declamadores da comunidade.]
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